Risos de uma quinta, para aguentar até a sexta.

Havia um engraçadinho carente embaixo da passarela que levava à rodoviária. Desviei meu olhar, porque quando algum deles nos veem querem logo um sorriso, gargalhada, essas coisas baratas. Não adiantou a alegria.

– Hei, tio, me dá um trocadilho.

– Desculpe, mas só estou com a minha risada de trabalho.

– Tio, é um trocadilho pra comprar uma tirada.

– Sei. Vai é atrás de 140 caracteres de alguma droga! Onde estão seus pais?

– Tão lá no semáforo fazendo stand up. Era pra eu tá vendendo gracejos. Se eles sabem que estou pedindo me matam de rir.

– Eles tinham algum tipo de trabalho? Como faziam pra manter o hilário do mês?

– Bem, o último trabalho deles era uma piada.

– Hum, daí resolveram partir pra piada vagabunda. Você deveria estar na escola. Pensando em ser no futuro um homem de grande ironia.

– Sarcástico assim como o senhor?

– Não sou tão sarcástico como você pensa. Eu só trabalho duro pra ter o meu cinismo. Minha carteira está vazia. Não tem nem graça.

– …

– Pare de me olhar assim. Vamos, pegue essa deixa. E pense naquilo que eu te disse.

– Obrigado, tio. O senhor tem um bom humor.

Texto do Tio Dino.

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